segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CASAMENTO: SIM OU NÃO?



Saidinha básica com as crianças para espairecer um pouco (eles espairecem, a gente enlouquece, rs). No final do programa, passamos numa livraria... uma boa leitura sempre revigora, né?

Os pequenos estavam entretidos com literaturas infantis, enquanto uma amiga me apresentava um livro daqueles "Seja mais você, livre-se dos homens". Pois bem. A autora, brasileira, condenava radicalmente o casamento. "Pra que piorar algo que está indo bem?", questionava ela sobre o fato de trocar o namoro pelo casamento. Segundo a escritora, a convivência, a falta de privacidade e o excesso de intimidade são fatores que acabam por lançar uma pá de cal sobre o sentimento que uniu o casal.

Vou fazer duas considerações. Um sobre o casamento em si e outra sobre a indústria literária do gênero auto-ajuda. 

O casamento, ao meu ver, é algo complicado mesmo, uma vez que exige convivência. E conviver nem sempre é fácil. São mundos diferentes abrigados pelo mesmo teto. Mas se existe esse aspecto negativo, certamente existem tantos outros positivos, caso contrário não  haveria tanta gente se casando ainda. Sempre penso que a intenção é das melhores ao se casar, mas nada na vida é previsível e tudo pode acontecer. Duas pessoas podem se dar muito bem e conviver felizes pela vida toda, apesar dos percalços. Outras podem perceber a qualquer tempo que seu ideal de felicidade não está ligado à convivência pela vida afora com seu respectivo, havendo, assim, o rompimento. 

Lendo o texto tive a impressão de que a autora havia passado por algum trauma, ou havia "sobrado" na vida, porque ela era radical, taxativa. E não existem verdades absolutas, exceto na matemática. Também vi uma forte inspiração pelo pensamento do filósofo Nietzche (gosto muito), que considerava a relação monogâmica antinatural. Ou então ela estava na vibe do Raul Seixas, que cantava algo como "porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo/hoje eu sei/ que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez", rs...

Livros de auto-ajuda. Considero todos praticamente iguais. Ocupam boa parte do espaço nas livrarias, em detrimento da literatura clássica, relegada a uma prateleira minúscula. Esse é um grande filão do mercado, certamente. Existe público cativo para isso. Quem não quer ler num dia de fossa que se é a pessoa mais maravilhosa, virtuosa, capaz e invencível que já colocou os pés na face da Terra? Mas confesso que me desencantei de vez por esse estilo ao ler em um desses best-sellers que "devemos nos sentir super especiais, lindos e poderosos, porque superamos a maior de todas as lutas para sobreviver, pois, dentre milhares de espermatozóides, nós fomos mais ágeis e conseguimos fecundar o óvulo". Ou seja, eu sou tão especial quanto um ladrão, um estuprador ou um político, já que todos nós, sem distinção, tivemos que passar por essa "corrida pela vida"? Doeu essa.

Voltando ao tema "casamento", eu ainda acredito nele. Acredito na fidelidade também (tá, podem rir!). Isso porque quando eu estou com alguém simplesmente me bloqueio naturalmente para outros relacionamentos. Se estou com alguém, implica dizer que me sinto feliz e completa com esta pessoa e que não há lugar para um terceiro. Mas se acontecer de eu olhar para os lados com olhar de cobiça, é sinal de o amor que me uniu à pessoa X já está se esvaindo e que está se abrindo lugar para uma pessoa Y. Sempre opto por um ou outro, porque eu, particularmente, não consigo nutrir sentimento por duas pessoas ao mesmo tempo. E como sou assim, também acredito que existam outras criaturas no mundo que agem parecido. Não é uma escolha consciente e deliberada. Simplesmente não me cabe na cabeça e no coração 2 pessoas ao mesmo tempo. Enquanto eu estiver sendo leal ao que eu sinto não vejo nada de antinatural em ser fiel. Essas considerações me fazem lembrar de um artigo da Danuza Leão, em que ela se dizia a favor da fidelidade, já que "não queria ser mulher de um corno". Ótima! kkk

O que eu estranho, isso sim, são pessoas que, sem qualquer critério, abrem espaço em suas vidas para outras, vendo no outro apenas um meio para se chegar a algum tipo de prazer. Pra mim, isso não é apenas antinatural, mas 'anti-humano', pois nos tira da condição de animais pensantes e nos nivela com os animais irracionais, que agem tão somente por instinto. Minha opinião, que fique claro.

Sim, eu acredito no casamento, mas claro, ele traz alguns obstáculos que requerem paciência, cumplicidade e amor. Mas tudo na vida é assim, né? Lado bom e lado ruim. Yin e yang. A seleção natural existe em todos os aspectos da existência, não somente na Teoria Evolucionista. Só resistirão aqueles que detenham capacidade de adaptação aos mais diversos contextos. Com relacionamentos não seria diferente.

E sim, gente, eu sou uma romântica. Mas ainda com algum senso de praticidade, rs.

Viu só como aquele passeio de domingo com as crianças pode nos levar a refletir? ;)

Uma ótima semana a todos!

domingo, 20 de novembro de 2011

SER FELIZ É...


  Não é fácil ser feliz nos dias atuais. Não porque a humanidade tenha regredido e perdido a capacidade de ser feliz. Nada disso. A questão é mais complexa. Somos bombardeados diariamente pelos mais variados estímulos e todos eles passam necessariamente pelo consumo. Entretanto, não basta consumir algo para ser feliz. É preciso o consumo freqüente, regular, porque o objeto de desejo se torna rapidamente obsoleto assim que é adquirido.

  Eu tenho me deparado com esse problema atualmente. Mas eu sei que, no meu caso, é um pano de fundo para outros problemas. Estou tentando compensar algo de que sinto falta, não sei exatamente o que ainda. Mas não sou bem o tipo de pessoa que se realiza numa roupa da moda ou num sapato que todo-mundo-precisa-ter. Minha felicidade vem de forma diferente. Passa pelas pequenas conquistas diárias, pelo crescimento como pessoa, pelo superar de dificuldades, sejam grandes ou pequenas. Passa também pela organização, pelo método, assim como pelo instinto e pelo inesperado. Poucas coisas me comprazem mais do que fazer as pessoas que amo felizes, porque nisso existe a troca. E, geralmente, nós só conseguimos fazer as pessoas que amamos felizes quando estamos muito bem conosco. Impossível fazer bem a alguém quando não se está consigo mesmo.

  Quando começo a perder o foco sobre a minha essência, minha mente vai se voltando, involuntariamente, para a fugacidade. E, sem querer, vou esquecendo das coisas que alegram a minha alma verdadeiramente, como a família, os (poucos) amigos de verdade, o   contato com a natureza, uma boa leitura. O esforço para se conseguir o que se quer. Conheço pessoas constantemente insatisfeitas com tudo, apesar de terem sido agraciadas materialmente. Algumas delas dispõem de tudo sem mesmo terem movido uma palha para isso. Quando as vejo me sinto uma felizarda por ter recebido da vida alguns obstáculos, porque eles me fazem ver o que quero de verdade e o que não quero, como também me ajudam a ficar feliz com pequenas coisas.

  Acredito cada vez mais que a felicidade é o caminho. Não podemos mirar numa meta futura e pensar "quando conseguir isso vou ser feliz". Os objetivos mudam ou simplesmente algumas coisas não acontecem. É preciso sentir-se bem, em equilíbrio. Momentos ruins acontecem, mas é bem possível que nós tenhamos muito mais a agradecer do que a reclamar. O problema é que vivemos entretidos tentando achar a felicidade fora de nós mesmos, sendo que ela está intrinsecamente ligada ao espírito. A verdadeira felicidade só se é percebida quando mostramos a beleza da alma. E eu ainda não "vi" nada mais bonito do que uma alma feliz.